Fiat, a marca Stellantis número 1, é continua a liderar o grupo em termos de volumeMas 2024 está a revelar algumas tendências interessantes e contrastantes em todo o mundo. Stellantis só revelará os números oficiais em fevereiro de 2025, apresentamos-lhe um olhar exclusivo sobre as vendas da Fiat em alguns dos principais países consumidores Brasil, Itália, Turquia, Alemanha, França e Reino Unido. Dados relativos apenas aos veículos particulares.
País | Vendas 2023 | Vendas 2024 | Alterar % |
---|---|---|---|
Brasil | 475527 | 521184 | 9.6 % |
Itália | 174587 | 143814 | -17 % |
Turquia | 125348 | 94737 | -24 % |
Alemanha | 76535 | 57561 | -24 % |
França | 40336 | 32183 | -20 % |
Reino Unido | 16598 | 14253 | -14 % |
Desempenho sólido no Brasil
O Brasil continua a ser o líder incontestado de vendas da Fiatcom um total estimado de 521.184 unidades em 2024, o que representa um crescimento impressionante de 9,6 % em relação a 2023. Esta dinâmica é sustentada por uma procura sustentada, nomeadamente nos segmentos populares, como os modelos Fiat Mobi, Argo, Fastback, Pusle, Toro..., que agradam aos consumidores brasileiros.
A Itália salva pelo Fiat Panda
Na Europa, porém, a situação é muito mais matizada. A Itália, o berço da Fiat, registou uma queda de 17,6 no terceiro trimestre em relação ao ano anteriorCom apenas 143.814 registos em 2024. O Fiat Panda, o modelo de referência da marca, continua a ser o principal motor de vendasrepresentando 70 % das vendas totais do construtor em Itália. No entanto, este modelo não é suficiente para compensar as quedas significativas registadas noutros veículos, como o Fiat 500 elétrico, que é considerado demasiado caro para a maioria dos clientes. É de salientar que as vendas registaram um colapso no segundo trimestre de 2024 (ver gráfico abaixo).
Declínios no resto da Europa
Os resultados na Turquia, Alemanha, França e Reino Unido são motivo de preocupação. Na Turquia, as vendas diminuíram 24,4 %, enquanto na Alemanha e em França as descidas foram de 24,8 % e 20,2 %, respetivamente. O Reino Unido não foi poupado, com uma queda de 14,1 %. Estes resultados mostram que a marca Fiat está a lutar para manter a sua atração em certos mercados europeus, apesar da introdução de novos modelos, como o Fiat 600, que não parece estar a ter o mesmo sucesso que o 500X.
A Fiat perdeu a sua competitividade em termos de preços
Uma das principais razões para esta queda na Europa é o preço. O Fiat 500 elétrico tem um preço demasiado elevado para muitos consumidores, e o Fiat 600, outro novo modelo, não consegue igualar as vendas do antigo 500X. A título de comparação, um 500X foi vendido em 2018 a partir de 18.990 euros, enquanto um 600 híbrido é agora vendido a partir de 24.900 euros. Ou seja, mais 6 000 euros.
É evidente que a Fiat deve reagir a esta situação, nomeadamente através do lançamento de o Grande Panda elétrico e híbrido a preços competitivospara reavivar a dinâmica no Velho Continente. Esperamos também que o 500 elétrico e híbrido tenha um bom preço até ao final de 2025. Lembrem-se do slogan "há menos, mas é mais caro".
Fiat salva pela América do Sul
Tendo em conta todos os países acima referidos, A Fiat prevê uma queda de 5 % em 2024, principalmente devido à diminuição das suas vendas na Europa. Sem o Brasila situação seria ainda mais dramática, com uma diminuição estimada de -20 %. Por conseguinte, é mais do que urgente que a Fiat dê a volta à situação na Europa, com veículos electrificados a preços mais acessíveis e uma melhor resposta às expectativas do mercado local. Vemo-nos a 26 de fevereiro de 2025, quando Stellantis apresentar os números do grupo.
Parem de tomar os europeus por pombos. Toda a gente sabe que se a Europa tivesse a mesma gama que o Brasil, a Fiat seria a número um na Europa.
Com a globalização, o cliente médio da Fiat tem as mesmas exigências em todo o lado: um automóvel atraente, fiável, fácil de utilizar e reparar e, sobretudo, acessível.
Seja na Fiat ou em qualquer outro lugar, a atual gama de SUV híbridos e eléctricos não é suficiente. Demasiado caros, demasiado pesados, com demasiadas caraterísticas caras, inúteis e pouco fiáveis. Ninguém os quer.... Se a Fiat, a Alfa, etc., oferecessem modelos que não fossem SUV, mais baratos, simples e fiáveis, as vendas explodiriam.
Seria uma situação vantajosa para todos, mas continuam a concentrar-se num mercado elitista com margens elevadas, mas estão todos errados. Só o cliente decidirá, os volumes cairão, as fábricas fecharão e os chineses vencerão.
É tempo de descer à terra. Na Europa, a Fiat tem uma quota de mercado de apenas 2,5% e tem de navegar à volta do 15º lugar no ranking das marcas. Ultrapassar a VW, a Toyota, as 3 marcas premium alemãs, a Skoda, a Renault, a Peugeot, as 2 marcas coreanas, a Dacia, os primos Stellantis, a Opel e a Citroën, é para esquecer.
A Fiat tornou-se um ator marginal que perdeu grande parte da sua credibilidade e reputação na Europa.
É suposto os automóveis Fiat serem económicos. Mas os modelos recentes, como o Fiat 500e e o 600, são caros, as vendas do Tipo foram interrompidas e depois relançadas e o Punto nunca foi substituído. Não sabemos para onde vai a Fiat na Europa, exceto com o Panda e o Grande Panda, e a nova versão do Fiat 500, que chegará muito tarde com um motor híbrido.
Há muitos modelos no Brasil e funcionam. Porque é que alguns destes modelos não são vendidos na Europa?
Os modelos Fiat vendidos no Brasil são de conceção antiga e não cumprem as normas europeias de segurança e de eficiência energética.
É por isso que não pode haver modelos brasileiros "europeizados".
Os consumidores brasileiros têm expectativas diferentes das dos europeus: se é certo que existe uma procura de veículos pequenos nos segmentos A e B, existe também uma procura significativa de pick-ups de todas as dimensões (enquanto a Europa ignora este tipo de modelo) e a Fiat oferece uma gama completa e competitiva deste tipo de veículos.
A Europa precisa de mais carros baratos como o Dacia. Porque é que a Fiat não faz o mesmo que no Brasil aqui na Europa?