Em 7 de agosto de 2024, realizou-se no Palazzo Piacentini, em Roma, um importante "tavolo automotive", organizado pelo Ministério das Empresas e do Made in Italy (MIMIT) e presidido pelo Ministro Adolfo Urso. Este encontro crucial reuniu os principais intervenientes do sector automóvel italiano, incluindo a Stellantis, os sindicatos e os representantes das regiões em causa. O objetivo era fazer um balanço do futuro da indústria automóvel italiana, está a enfrentar uma série de desafios sem precedentes.
Resultados mistos para os incentivos governamentais
O Ministro Urso começou por fazer um balanço dos incentivos introduzidos em junho para apoiar a produção automóvel nacional. Embora alguns objectivos tenham sido alcançados, como a renovação do parque automóvel, com 83 % dos veículos adquiridos a beneficiarem do regime de abate, outros não o foram. O Ministro admitiu que os incentivos ecológicos não tiveram o efeito desejado no aumento da produção em Itália. Em resposta a esta situação, está a ser estudado um novo plano de incentivos trienalO plano de ação prevê um investimento de 750 milhões de euros até 2025 e de mil milhões de euros por ano de 2026 a 2030. Este plano tem como objetivo dar prioridade à produção com um elevado teor de componentes europeus, garantindo assim uma produção mais sustentável em conformidade com as prioridades europeias.
Stellantis pronto para reabrir as negociações após o verão
No que diz respeito à Stellantis, a reunião constituiu uma oportunidade para discutir a situação nos locais de produção italianos e, em particular, a situação da Stellantis em Itália.r a fábrica de Termoli, cujo futuro permanece incerto devido a atrasos nos investimentos previstos para a criação de uma gigafábrica pela empresa comum ACC. O Ministro Urso sublinhou a importância estratégica destes investimentos para a economia local e a necessidade de manter uma produção competitiva em Itália.
Giuseppe Manca e Daniela Poggio, representantes da Stellantis, declararam que o Grupo estava disposto a reabrir as discussões após a pausa de verão, em setembro. O objetivo será atualizar o plano industrial em conformidade com as novas políticas europeias em matéria de transição energética e com as realidades do mercado automóvel. Este anúncio é visto como uma abertura para um diálogo construtivo entre o governo e a Stellantis, embora subsistam diferenças de opinião.
O resgate da Magneti Marelli e a chegada da Dongfeng
Para além das discussões sobre os incentivos, o Ministro Urso anunciou também o seguinte a recuperação bem sucedida da fábrica Magneti Marelli para a Crevalcore, um êxito alcançado graças à estreita colaboração entre todas as partes interessadas. Este resgate faz parte de uma série de intervenções governamentais destinadas a preservar o emprego industrial em Itália.
O Ministro confirmou ainda que as discussões estavam em curso para a criação de novas empresas do sector automóvel em Itália, nomeadamente com o construtor automóvel chinês Dongfeng. Está prevista para o final de agosto uma missão técnica à China para explorar novas colaborações industriais, nomeadamente no domínio da tecnologia híbrida e da mobilidade eléctrica.
Sindicatos preocupados com um futuro incerto
Os sindicatos, por seu lado, manifestaram a sua preocupação com a situação atual. Rocco Palombella, Secretário-Geral da Uilm, declarou que "este tavolo criou outras dúvidas e preocupações", sublinhando que uma aparente fratura entre o governo e Stellantis. Sublinhou ainda a necessidade de retomar as discussões com Stellantis para garantir o futuro dos milhares de trabalhadores do sector em Itália.
Ferdinando Uliano, da Fim-Cisl, apelou a políticas industriais mais inclusivas, enquanto Michele De Palma, da Fiom-Cgil, apelou a um plano estratégico e extraordinário para a indústria automóvel italiana, sublinhando a importância da inovação e de uma transição justa para os trabalhadores.
Um encontro europeu no horizonte
Por fim, o Ministro Urso anunciou Uma reunião europeia prevista para novembro para debater a introdução de direitos aduaneiros sobre os automóveis produzidos na Chinaum assunto que poderá ter repercussões importantes para a indústria automóvel em Itália. Esta iniciativa faz parte de uma estratégia mais alargada para proteger a produção europeia da concorrência chinesa.
No final dos anos 80, foram produzidos 2 milhões de automóveis em Itália. A Itália era o terceiro maior produtor da Europa, com uma produção de 231 TTP3T, logo a seguir à França. Atualmente, a Itália representa apenas 3% da produção europeia. A Espanha, país com o qual a Itália é comparável e que não tem um construtor nacional, representa 171 TTP3T... Para voltar ao mesmo nível de produção, seria necessário investir milhares de milhões. No passado, o Estado italiano prestou muitos favores à família Agnelli: autorizou a aquisição da Alfa e da Lancia, o que colocou a Fiat numa posição de monopólio na península. Subvencionou a instalação de fábricas no Sul. Concedeu benefícios fiscais no valor de milhares de milhões. Resultado ao fim de 40 anos: deixou de haver produção em Itália, deixou de haver sedes sociais, deixou de haver impostos pagos em Itália. A Lancia está morta, a Alfa está a morrer, a Maserati está à venda. Estou a pensar nos italianos, que precisam de trabalhar com dignidade, e se vão ser os chineses a dar-lhes trabalho, então que o façam rapidamente. Não há muito a discutir com a Stellantis, para além de saber que local de produção está disponível para outros construtores dinâmicos e sérios.
Pessoalmente, não concordo com tudo o que diz, mesmo que algumas coisas estejam certas. Penso que o governo italiano tem de encontrar soluções para as marcas que não estão a ir bem! têm de encontrar soluções para o Stellantis! na minha opinião, temos de evitar os chineses e o consumidor final tem de perceber que tem de comprar carros construídos na Europa! fico indignado quando vejo MGs chineses nas mãos de europeus! preferem dar o seu dinheiro aos chineses do que aos europeus! e depois queixam-se!
A mesa redonda deveria ter sido realizada há 20 anos. Atualmente, não há praticamente nada para salvar. E, como italiano, não tenho qualquer problema em comprar à China, à América ou a qualquer outro país. Não é aceitável mostrar patriotismo económico quando o meu país foi praticamente eliminado do mapa dos fabricantes de automóveis em geral. Aqueles que tomaram a decisão de deixar milhares de famílias ao frio devem esperar que essas mesmas pessoas lhes virem as costas. No sul de Itália, muitos dos novos automóveis são da DR, da GM ou da Lynk & Co. Antes de mais, são económicos para os habitantes do Sul (para os desempregados de Stellantis, entre outros...), são muito bonitos e têm acabamentos de alta qualidade. É tudo o que é preciso.