
O que está a acontecer no Stellantis merece toda a nossa atenção. De que entrará em funções no verão de 2025Antonio Filosa está a deixar gradualmente a sua marca no grupo automóvel. E embora seja italiano de nascimento, foi na América Latina que construiu a maior parte da sua carreira, entre a Fiat Chrysler e a Stellantis, nomeadamente no Brasil. Por conseguinte, uma grande parte do seu círculo de confiança provém desta parte do mundo... e as nomeações sucedem-se.
Há alguns dias, Stellantis anunciou a chegada de um novo Diretor Financeiro (CFO), o brasileiro João Laranjo, um homem que Filosa conhece há mais de quinze anos. Paulistano que trabalhou na FCA, na Stellantis North America e depois na Goodyear, regressa ao Grupo para apoiar o CEO num período difícil: queda das vendas nos Estados Unidos, pressão sobre as margens e eletrificação dispendiosa. "Trabalhamos juntos há 15 anos", sublinhou Filosa para justificar esta nomeação expressa.
Drama na Europa
Mais um choque esta manhã. Jean-Philippe Imparato, antigo colaborador próximo de Carlos Tavares e figura conhecida da Peugeot e depois da Alfa Romeo, abandona o cargo de Diretor Geral da Stellantis Europa. Oficialmente, ele dedicar-se-á agora à Maserati, cujo relançamento supervisionará, e à Stellantis & You, a rede de distribuição do Grupo.
Para suceder-lhe, a Filosa escolheu outro perfil... mais uma vez com fortes ligações à América Latina. Emanuele Cappellano, atualmente responsável pela Stellantis Pro One (divisão de veículos comerciais) e antigo responsável pela região da América do Sul, foi nomeado responsável pela Stellantis Europa. Italiano de nascimento, Cappellano iniciou a sua carreira em Turim, mas passou grande parte dela no Brasil e na América do Sul, trabalhando ao lado de Filosa.
Uma equipa ítalo-brasileira centrada em Filosa
Com Laranjo nas finanças e Cappellano na Europa, Filosa está a colocar aliados de longa data em posições estratégicas. Este facto envia um sinal forte a nível interno: após a era Carlos Tavares, em que o equilíbrio entre as culturas francesa, italiana e americana era fundamental, Stellantis entra numa nova fase em que a Itália e a América Latina desempenham um papel fundamental na governação.
Foram igualmente anunciadas outras mudanças: Herlander Zola assume a direção da América do Sul, Samir Cherfan continua a ser responsável pelo Médio Oriente e África, Grégoire Olivier é agora responsável pela China e Ásia-Pacífico, enquanto Ralph Gilles se junta à equipa de gestão do design.
O objetivo destas nomeações é consolidar o Stellantis em torno de um grupo central de gestores que partilham a mesma cultura e experiência de gestão na América Latina. Antonio Filosa pretende assim assegurar a sua visão antes da apresentação, prevista para 2026, de uma nova estratégia global para o Grupo.
Depois de todas estas reviravoltas, é evidente que Tavares e a sua equipa próxima eram "brilhantes" capitães de indústria...
Tudo neste grupo tem de ser revisto. Acima de tudo, a qualidade e a fiabilidade dos produtos devem estar em primeiro lugar, caso contrário, a queda será muito difícil.