
Lewis Hamilton não veio ao Scuderia Ferrari para se contentar com o pódio. Aos 40 anos, o sete vezes campeão do mundo tem apenas uma coisa em mente: um oitavo título, desta vez em vermelho. E para o conseguir, não se contenta apenas em conduzir. Ele age, escreve, propõe. Como o noticiámos a 24 de julhoJá enviou vários documentos estratégicos para a Scuderia. Mas agora o seu conteúdo foi divulgado pela imprensa italiana.
Documentos com um tom direto
De acordo com as revelações, Hamilton forneceu análises precisas do Ferrari SF-25, destacando as áreas críticas que precisavam de ser corrigidas. Um ponto que foi repetidamente mencionado foi a gestão do travão motor. Demasiado agressivo para ele, longe do que estava habituado na Mercedes, este sistema perturbava a sua sensação de travagem e desequilibrava a sua entrada em curva (já tinha comparou os motores Ferrari e Mercedes após os seus primeiros testes com a Scuderia). A Ferrari já tentou suavizar o mapeamento, mas para Hamilton, o problema mantém-se.
O britânico foi ainda mais longe: pediu informações sobre o futuro grupo motopropulsor de 2026, para se assegurar de que esta fraqueza seria corrigida ao abrigo dos novos regulamentos. Em privado, chegou mesmo a descrever a travagem do SF-25 como "estranha". Uma palavra forte, que reflecte a dimensão da sua frustração.
Estilo de condução difícil de adaptar
Os documentos salientam igualmente as dificuldades de controlo. A nova suspensão dianteira dá ao carro uma grande precisão, mas torna-o instável em secções técnicas. Para compensar, Hamilton optou por uma configuração de suspensão dianteira muito pesada. O resultado: mais aderência, mas uma direção hipersensível.
No simulador, tentou explorar outras opções. Sem sucesso. A Ferrari limitou deliberadamente o número de configurações disponíveis. Isto irritou Hamilton, que exigiu mais liberdade, mesmo que isso implicasse a conceção de novas peças. A sua abordagem: misturar diferentes configurações, por vezes em detrimento do equilíbrio geral.
Hamilton e Leclerc, dois estilos muito diferentes
Outra revelação: as diferenças de estilo entre Hamilton e Charles Leclerc estão a complicar a tarefa da Ferrari. Enquanto o monegasco prefere um carro com mais sobreviragem, Hamilton está à procura de estabilidade traseira. A equipa pensou que as suas preferências iriam convergir, mas acabaram por divergir.
Já a pensar em 2026
O que é surpreendente é que Hamilton não está apenas a falar do presente. As suas notas já tocam no desenvolvimento do Ferrari 2026. Ele quer um monolugar capaz de integrar as suas expectativas e conciliar as necessidades de Leclerc. Em suma, ele está a pensar a longo prazo.
O antigo companheiro de equipa da Mercedes, Nico Rosberg, resumiu: "Ele é sete vezes campeão do mundo. É absolutamente necessário ouvir o que ele diz. Mas não se deve pensar que tudo se resolve em poucas semanas.
Se Hamilton é tão exigente, é porque se recusa a entrar para a história como Fernando Alonso ou Sebastian Vettel, dois campeões que chegaram a Maranello com a esperança de um título... mas nunca o conseguiram. Em julho, deixou bem claro: não quer seguir o mesmo caminho.
Hoje, com estes documentos, uma coisa é certa: Hamilton está a levar a Ferrari ao limite. Ele questiona, critica, sugere. Mas não desiste. E se a Scuderia conseguir transformar as suas recomendações em progressos reais, então a sua aposta louca de ganhar um oitavo título com a Ferrari poderá um dia tornar-se realidade.
A última pessoa que se atreveu a criticar a Scuderia foi Alain Prost. Ele foi demitido no ano seguinte.
Não, não, não! Na altura, Prost chamou publicamente ao seu Ferrari um camião! Foi uma crítica pública muito negativa! Aqui, Hamilton está a fazer propostas e as suas críticas parecem-me positivas! Antes de escreveres qualquer coisa, tens de analisar as duas situações e o que estás a dizer não está certo!